O Trabalho Precário em Saúde: uma Nova Orientação

A análise do processo de precarização/(des)precarização no campo do trabalho em saúde, por meio do monitoramento das relações de trabalho na estratégia de Saúde da Família, é uma escolha acertada dos autores, tendo em vista não apenas sua importância para o sistema de saúde, mas, principalmente, por se tratar hoje de uma fatia significativa do mercado de trabalho em saúde, portanto elemento valioso para a geração de empregos e renda, bem como para a melhoria do perfil do mercado de trabalho no Brasil. Os autores sublinham o fenômeno de precarização das relações de trabalho como um movimento mundial que se manifesta de modo crescente na organização do trabalho pós-fordista, organização essa marcada pela obtenção de maior flexibilidade na utilização do capital e do trabalho, redução de custos e dos riscos impostos pela instabilidade dos mercados, passando a exigir novas e, muitas vezes, pouco protegidas relações de trabalho. No tocante a essas mudanças nos padrões de gestão do trabalho, observam-se diferentes e, não raro, divergentes enfoques a respeito. Por um lado, as mudanças nas relações de trabalho são focalizadas como uma necessidade de adaptação às condições econômicas, segundo as quais tempo e jornada de trabalho, bem como sistemas salariais, devem ser ajustados à realidade dos mercados e responder às necessidades de flexibilização por parte das instituições. Por outro lado, estão aqueles que abordam as mudanças de gestão do trabalho, em resposta à necessidade das empresas de se tornarem competitivas por meio da quebra de proteção aos trabalhadores, associando essas alterações a desigualdades no ingresso e à perda de postos, além de apontarem as diversas maneiras com que as condições de trabalho se precarizam.

Área Temática:
Trabalho Precário/Precarização
Autor:
TEIXEIRA, M.
Período:
2010 a 2015