O objetivo deste trabalho é detalhar algumas tendências já descritas por Nogueira sobre a dinâmica do emprego em saúde, na conjuntura da crise econômico-brasileira do quinquênio 1979-1984, bem como apontar alguns bloqueios no campo da política de recursos humanos em saúde, tendo em vista as bases para a reforma sanitária que vem sendo discutida por amplos segmentos da sociedade brasileira. Ao longo dos anos 70 ocorreu um forte crescimento do número de profissionais de saúde, bem como do quantitativo de empregos ligados ao setor. Esse crescimento foi uma decorrência direta da reforma das instituições da Previdência Social, em 1967, quando, a partir da unificação e extensão da assistência médica previdenciária a todos os trabalhadores formais, aumentou, sensivelmente, a demanda por serviços de saúde. Dado que essa demanda não poderia ser suprida pelo estoque de estabelecimentos prestadores de serviços até então existentes, no setor público, optou-se por uma política de contratação de prestadores privados. O aumento da demanda por serviços levou a um rápido crescimento da absorção de profissionais de saúde. Entre 1966 e 1974 o número de empregos, nas atividades hospitalares, passou de 150.123 para 303.098, destacando-se os postos de trabalho de nível médio e elementar e, em particular, os atendentes. Quanto aos profissionais de nível superior, a demanda passou a ser suprida pela larga expansão do aparelho formador. Entre 1935 e 1965, o número de escolas médicas aumentou de 12 para 27 e o número de formados em medicina, de 8.184 para 15.754. A grande ampliação do aparelho formador não correspondeu, no entanto, a uma adequação dos profissionais às reais necessidades da população no campo médico-assistencial. Como resultado, grande parte do corpo médico formada nos anos 70 tem, como referência, uma medicina especializada, tecnificada, privatizante e totalmente distante do quadro social de saúde no Brasil.