Alguns Aspectos do Trabalho em Saúde: os Trabalhadores e os Processos de Gestão
O objetivo do texto é trazer algumas reflexões sobre os recursos humanos no Sistema Único de Saúde, revisitando a relação entre trabalhadores, gerentes e gestores que vem se conformando nos municípios brasileiros, articulando alguns aspectos do processo de trabalho em saúde na atenção básica. Os autores propõem distanciar-se da expressão recursos humanos, pois consideram que os trabalhadores da saúde são sujeitos sociais e não mais um entre os muitos recursos necessários. Para eles, a fragmentação do trabalho, a gestão pouco democrática, a divisão entre os que pensam e os que executam têm favorecido a desresponsabilização, o descompromisso e os acordos velados entre trabalhadores, gestores/trabalhadores e trabalhadores e usuários. A problemática parece ter sido evitada ou tratada apenas em suas dimensões burocráticas. Nesse sentido, os autores destacam estudos que assinalam a necessidade de se desencadear a retomada de questões do processo do trabalho. Nas considerações finais, eles assinalam que os trabalhadores da saúde têm sido, paradoxalmente, apontados como potenciais sujeitos de mudança e de reformulação das atuais práticas de saúde e muitas vezes são considerados como um fardo, um problema a ser resolvido com medidas burocráticas, ou são levados em conta apenas nos aspectos formais do número, da categoria, do horário. Então concluem o artigo com as seguintes perguntas: vamos continuar a enxergar essas questões como problemas a se evitar? Vamos continuar nos desviando das questões apresentadas e tentando normatizá-las, como se fosse possível resolvê-las pelos mecanismos de controle, com decretos, normas ou treinamentos? Tais procedimentos têm apresentado que resultados? Essa atitude tem direcionado os serviços de saúde às diretrizes do movimento de reforma sanitária? Ou em defesa da vida, no direito inerente ao viver?