A Feminilização do Mercado de Trabalho em Saúde no Brasil
Este artigo revisita o processo de construção do trabalho feminino. Pretende contribuir para a análise da composição da força de trabalho em saúde quanto ao aspecto gênero, com foco na profissional de saúde, e iniciar um trabalho de verificação, que não se pretende completo, mas um primeiro passo, no sentido de desvendar o universo desse imenso contingente de trabalhadoras: em que regiões estão concentradas, qual sua jornada de trabalho, se ocupam postos de trabalho em saúde em zonas rurais e urbanas, indistintamente, entre outras questões. Existem inúmeras questões relacionadas à análise de gênero, mas que não encontram avaliações correspondentes no setor de saúde. Esta pesquisa destaca a importância da continuidade da investigação sobre a força de trabalho feminina no Brasil e também estudos comparativos com outros países. Algumas questões se colocam para reflexões críticas. A questão da escolaridade influencia na feminização tanto nas profissões de nível superior quanto nas de nível médio? Em quais e em que escala? Ou, esse dado reflete, apenas, o enorme “exército de reserva” que ainda existe na população feminina entre 25 e 65 anos? É possível evidenciar uma relação com a remuneração mais baixa comparando-se mulheres e homens nos mesmos níveis de ocupação, mesmos níveis de escolaridade, em todos os níveis de complexidade dos serviços de saúde? A precarização vem ocorrendo nos mesmos índices para homens e mulheres? E, em relação aos cargos de chefia e/ou supervisão, também está ocorrendo a feminização da FTS? Há diferenças significativas em relação à continuação da formação em nível de pós-graduação (lato e stricto sensu) entre homens e mulheres da FTS? O que dizem os grupos que pesquisam as questões da situação de trabalho em saúde sobre a própria saúde do trabalhador da saúde? Por exemplo, níveis de estresse, situações de incômodo e de fadiga…