O Perfil do “Emprego” em Saúde no Brasil
Os estudos sobre a força de trabalho em saúde, que buscam captar o processo de sua formação e seu uso, em sua totalidade, integrando seus elementos sociodemográficos, político-ideológicos e econômicos em um único esforço explicativo, estão praticamente se iniciando no Brasil. Vale apontar para os trabalhos pioneiros de Maria Cecília Ferro Donnangelo sobre o mercado de trabalho médico e a sociedade, em meados da década de 70 e, posteriormente, os de Roberto Passos Nogueira, intentando demarcar a dinâmica da relação capital trabalho nos serviços de saúde. Mais recentemente, a partir de 1982, o Núcleo de Recursos Humanos da Escola Nacional de Saúde Pública, empreendeu um esforço de pesquisa em que se buscava dar um tratamento simultâneo dos aspectos relativos à evolução da oferta e da demanda por força de trabalho em saúde na década de 70. Nesses estudos, adotava-se a concepção de que oferta e demanda constituem duas faces de uma mesma moeda, mas os impactos de uma sobre a outra não ocorrem de imediato, existindo sempre uma defasagem temporal entre os impactos que cada uma delas exerce sobre a outra. Essa defasagem é que possibilita entender determinados “desajustes”, refletidos, no caso da força de trabalho, em desemprego ou subemprego. Pretende-se tão somente, nos limites deste trabalho, traçar um quadro panorâmico de emprego em saúde, identificando alguns de seus aspectos quali-quantitativos mais evidentes, sem a intenção de detalhar a questão do emprego sob suas determinações mais abrangentes. Cumpre ressaltar que as principais tendências que caracterizaram a inserção da força de trabalho no setor saúde, na década de 70, bem como as perspectivas de sua evolução já foram apontadas e analisadas em seus aspectos mais importantes em outros trabalhos. Os dados utilizados neste artigo fazem parte do acervo da pesquisa Dinâmica do Emprego em Saúde no Brasil, 1976/84.