Educação e Trabalho em Saúde: as Bases de um Campo de Conhecimento
São reconhecidas as dificuldades e controvérsias em se definir uma determinada comunidade de estudiosos como integrante de uma área do saber. A adoção de critérios objetivos, como a presença de uma produção intelectual que compartilha temas e problemas comuns ou a existência de periódicos especializados e programas de graduação e pós-graduação, permite a definição dos contornos de uma área de conhecimento a partir de sua intermediária ou elevada base de institucionalidade. De que forma pode-se, contudo, definir e contextualizar a sua emergência? Determinar e nomear seus principais campos de atuação, os atores institucionais e seus personagens pode se apresentar como um caminho. De toda forma, quando a área em questão tem desenvolvimento recente em relação a outras áreas do conhecimento e congrega investigadores e profissionais de diferentes formações acadêmicas, também com distintas inserções institucionais na área, o desafio se torna maior. De todo modo, a educação e a gestão do trabalho em saúde, como território interdisciplinar de produção de políticas e de conhecimento, tem gozado, nos últimos anos, de inegável consolidação institucional, bem como tem construído, para seu cenário futuro, perspectivas favoráveis de desenvolvimento no Brasil. Marco dessa maior institucionalização e perspectiva positiva é a consolidação de uma série de orientações políticas, programáticas e gerenciais referentes à gestão do trabalho, ao desenvolvimento dos trabalhadores, à saúde do trabalhador; o incremento da produção intelectual sobre a área; o surgimento e a consolidação de grupos de pesquisa; e, inclusive, a emergência de uma rede de observatórios de recursos humanos como instância de produção, disseminação e difusão do conhecimento especializado. A ideia é recuperar alguns marcos de referência da sua constituição, como campo de conhecimento e produção intelectual, recuperando, ainda, o estado da arte da área, que será revisitada por este catálogo.