O Processo de Trabalho na Estratégia Saúde da Família e a Humanização: Dilemas e Desafios
Os marcos teóricos e políticos norteadores da Política Nacional de Humanização (PNH), preconizada pelo Ministério da Saúde, evidenciam que essa política surge para contribuir com mudanças, na direção de um sistema de saúde inclusivo, acolhedor, solidário e democrático. As intenções referenciadas nos documentos institucionais sobre a Estratégia Saúde da Família também sinalizam para mudanças no modelo da atenção, que se diferencia do modelo tradicional. A PNH tem como propósito maior efetivar os princípios do Sistema Único de Saúde no cotidiano das práticas de atenção e de gestão, assim como estimular trocas solidárias entre gestores, trabalhadores e usuários, para a produção de saúde e a formação de sujeitos. Apesar das evidências cartografadas terem mostrado uma situação reveladora de um processo de trabalho produtor de uma atenção ainda em condições desumanizadoras com vários dilemas e desafios, também foram evidenciadas algumas potencialidades, por meio de movimentos de mudanças no processo de trabalho, que vêm fortalecendo o vínculo, ampliando as ações desenvolvidas, incorporando novos sentidos e experiências inovadoras. Essas experiências articulam a cultura, o lazer, a arte e as práticas de novos estilos de vida, trazendo assim, para o modelo de atenção à saúde, outras formas de racionalidade para lidar com o processo saúde-doença, como também refletem práticas que têm uma forte articulação com a política de humanização, uma vez que todas buscam construir relações mais humanas e horizontais, estimulando a participação e o protagonismo dos sujeitos para a melhoria da sua saúde no âmbito individual e coletivo. Concluindo, à luz do referencial utilizado, pode-se reafirmar a valorização dos sujeitos como agentes da história; a identificação de pistas, mesmo diante dos dilemas; o reconhecimento de avanços, mesmo diante dos limites; e a reascensão de utopias em direção a mudanças, apesar de contextos não favoráveis.