O Velho Trabalho em Equipe Pode Ganhar Cara Nova? Uma Perspectiva do Trabalho Gerencial
Considera-se a conformação da prática gerencial como necessária para a consolidação de um outro modelo assistencial, calcado na integração sanitária, evidenciando-se aí o caráter integrativo e articulador da gerência no estabelecimento de uma relação dialógica entre os distintos sujeitos envolvidos no processo, sendo indispensável o movimento – conflito, negociação, consenso possível. A prática concreta da ação gerencial no município de Ribeirão Preto evidencia sua finalidade, voltada para oferecer unidade de trabalho ao processo em curso na UBS, permitir a funcionalidade interna da unidade, de modo que o atendimento médico à clientela se processe por meio de um agente investido de poder político e administrativo. Quanto a isso, a gerência, na perspectiva dos gerentes, era um instrumento que possibilitava a continuidade do processo de trabalho empreendido na UBS, cabendo ao gerente um importante papel: fazer a liga, ser o elo de ligação. O exercício da autonomia na ação gerencial, mesmo que relativa, visto que o processo de descentralização estava em curso, requeria íntima articulação entre a racionalidade instrumental e a comunicativa, a fim de permitir a flexibilização dos padrões e das normas presentes na prática cotidiana, a busca de uma relação dialógica que possibilitasse a descoberta de formas mais emancipadoras para o desenvolvimento do trabalho. Essa autonomia encaminhava necessariamente para um espaço de maior articulação com/e entre a equipe, para que se conseguisse crescente responsabilização dela pela assistência prestada na UBS. Era a busca de outra noção de equipe, de um compartilhar de poder, de relações mais horizontalizadas de trabalho, a fim de reconstruí-lo na realidade concreta.