As Especificidades Contemporâneas do Trabalho no Setor Saúde: Notas Introdutórias para uma Discussão
Partindo do texto clássico de Arrow sobre as características econômicas da atenção médica, este artigo destaca o papel das falhas de mercado e das instituições não-lucrativas no setor. No setor saúde, o sistema de inovação e o sistema de bem-estar social têm importantes interseções. No sistema setorial da saúde, os hospitais desempenham um papel maior do que serem mero receptáculo de inovações “vindas de cima”: os hospitais contribuem para o progresso científico, ou seja, as setas do esquema apresentado apontam para os dois lados também no setor saúde. Aliás, a prestação de serviços em geral teria um papel similar ao das firmas em outros sistemas setoriais: a solução de problemas e a superação de gargalos é uma importante fonte de inovações. O que há de específico na interação entre os sistemas de saúde e os sistemas de assistência médica é o vínculo mais próximo e o impacto mais imediato existente entre o progresso tecnológico e o bem-estar social, este um componente decisivo das fontes do crescimento econômico. As inovações no setor saúde teriam, portanto, um efeito duplo sobre a dinâmica econômica em geral: os efeitos “normais” de toda inovação e os efeitos dessa inovação sobre a saúde e o bem-estar. A importância dessa articulação apenas acrescenta uma nova especificidade e uma nova fonte de heterogeneidade do trabalho no setor. Não é possível captar a integridade do sistema de saúde deixando de lado todo o setor acadêmico de pesquisa do setor “ciências da vida”. Aliás, em 1993, a disciplina “ciências da vida” consumiu 54,4% do total dos recursos de P&D gastos em instituições acadêmicas nos EUA, ou seja, US$ 10,83 bilhões. Em 1993, o gasto total dos EUA com P&D alcançou US$ 134,4 bilhões. Em 1994, o setor saúde absorveu 16,5% dos gastos federais com P&D, chegando a US$ 68,33 bilhões.