A discussão da força de trabalho em saúde somente agora vem se iniciando, de forma que falar sobre mercado de trabalho e Enfermagem é uma tarefa que apresenta certa dificuldade, uma vez que, nessa área mais específica, mais raros ainda são os trabalhos que discutem o assunto. A intenção deste trabalho é levantar algumas questões a respeito da inserção da Enfermagem no mercado de trabalho, tentando identificar alguns fatores presentes nesse processo e a sua determinação na força de trabalho em enfermagem. Com relação a esses profissionais, sabe-se que eles somam 304.287 pessoas, sendo que os enfermeiros representam 8,5%; os técnicos, 6,6%; os auxiliares, 21,1%; e os atendentes, 63,8%. Observa-se que essas proporções variam de uma região para outra do país, em função da concentração de serviços de saúde (subordinados à maior concentração de renda) e características da região. Outro ponto a ser destacado é a situação empregatícia do pessoal de enfermagem, ainda hoje caracterizada pelas condições adversas de trabalho; má remuneração, levando normalmente a uma dupla jornada de trabalho; carga horária exaustiva; e distorções no mercado para pessoal qualificado. O número de egressos tem ultrapassado o número de empregos criados, considerando que, apesar de uma parte significativa desses egressos não se dirigir para o mercado de trabalho (grande contingente de mulheres), é possível se caracterizar uma escassa geração de empregos de enfermeiros no país. As tendências observadas na absorção de pessoal de enfermagem refletem a estratégia política adotada no setor saúde, que certamente deverá ser objeto de estudo mais aprofundado, uma vez que o pessoal de enfermagem constitui uma parcela significativa do contingente de recursos humanos do setor saúde. Deve também ser considerada, cuidadosamente, a questão da geração de empregos para o profissional enfermeiro, buscando identificar os determinantes que estão presentes em tal situação.