Trabalho Vinculado Através
da Administração Direta - ANÁLISE


         Nas suas três esferas de governo, o SUS dispõe de um conjunto de entidades da administração direta tais como o Ministério da Saúde e as secretarias de saúde, e de administração indireta, tais como as fundações públicas e as autarquias.

         A administração pública direta em saúde está constituída nos três níveis de governo pelo Ministério da Saúde e pelas secretarias de saúde estaduais e municipais. Existem, ademais, recursos humanos de saúde que pertencem a outras áreas da administração direta que não são de saúde e não constituem parte do SUS: por exemplo, o pessoal das unidades de saúde que atendem aos militares das três armas. Não existe ainda uma fonte de dados que permita avaliar a dimensão da força de trabalho em saúde quando se busca precisar variáveis tais como os empregados no setor de burocracia e versus os empregados em atenção de saúde.

         A AMS/IBGE de 1999 mostra que 95,3% dos estabelecimentos de saúde (com e sem internação) e 83,5% dos postos de trabalho do setor público encontram-se na administração direta dos três níveis de governo. Portanto, por esta fonte vê-se que a administração pública direta concentra a esmagadora maioria dos estabelecimentos de saúde e dos postos de trabalho existentes no SUS. Convém lembrar, portanto, que nesta contagem só entram os estabelecimentos prestadores de serviços de saúde, estando de fora a burocracia institucional. Nos estados e municípios, a administração direta de saúde (ou seja, as unidades de saúde das secretarias de saúde) surge como o grande empregador, em comparação com outros órgãos. Já no âmbito federal, o emprego é dependente em maior parte de outros órgãos da administração federal.

         Os municípios empregam bem mais que a soma das outras duas esferas de governo: 67,3% do total de postos de trabalho da administração pública direta estão na esfera municipal.



Quadro I

BRASIL, 1999: Distribuição dos Estabelecimentos de Saúde e
Postos de Trabalho na Administração Indireta por Tipo

 
Federal
Estadual
Municipal
TOTAL
Natureza
Jurídica
Estabel.
P. Trab.
Estabel.
P. Trab.
Estabel.
P. Trab.
Estabel.
P. Trab.

Adm. Direta
Saúde

164
29.448
1.546
180.074
29.564
564.826
31.274
774.348

Adm. Direta
Outros Órgãos

95
44.420
41
18.218
1
15
137
62.653
Total Adm.
Direta
259
73.868
1.587
198.292
29.565
564.841
31.411
837.001

Total Setor
Público

628
107.584
1.930
279.130
30.404
615.073
32.962
1.001.787
Total
     
107.584
279.130
615.073
889.765
1.891.552
Fonte: AMS/IBGE, 1999.
 

 


         Os dados da RAIS permitem precisar o emprego global de algumas categorias em serviços de saúde e na burocracia da administração direta da respectiva esfera de governo. A seguir mostramos esses dados para médicos e enfermeiros no ano 2000. Verifica-se que 62% do total de médicos e enfermeiros encontram-se na esfera municipal.


Quadro II

BRASIL, 2000: Distribuição dos Postos de Trabalho para Médicos e
Enfermeiros na Administração Direta dos Três Níveis de Governo

 Esfera da Adm. Direta Médico Enfermeiro Total
 Federal 498   446   944
 Estadual   31.297 11.905 43.202
 Municipal   55.918 16.433 72.351
 Total 87.713 28.784 116.497
Fonte: RAIS/MTE, 2000.


         A administração pública direta, assim como a indireta, vincula os trabalhadores por dois regimes: o estatutário e o celetista. Pode-se afirmar que a totalidade dos celetista é remanescente de antigos quadros que não foram convertidos em estatutários conforme está da determinação constitucional de um regime unificado. Isto acontece porque a nova autorização constitucional do emprego público (decorrente da EC 19) ainda não está sendo adotada pelo poder público dos três níveis de governo. Ao que se sabe os poucos concursos públicos que estão sendo abertos ainda adotam o regime estatutário para os novos servidores. Os dados da RAIS, como os que fazem parte da tabela apresentada a seguir evidenciam que o vínculo de celetista entre médicos e enfermeiros, na administração direta dos três níveis de governo, ainda se aplica a 21% desses profissionais, sendo que a grande maioria deles são servidores estatutários, efetivos (65,8%) ou não efetivos (11,6%), sendo contados nessa última categoria os cargos comissionados.


Quadro III

BRASIL, 2000: Distribuição dos Postos de Trabalho de Médicos
e Enfermeiros por tipo de vínculo na Administração Pública Direta
dos Governos Federal, Estadual e Municipal

Tipo de Vínculo Médico Enfermeiro Total %
Servidores Celetistas 18.930 5.632 24.562 20,1
Servidores Estatutários Efetivos 56.682 19.951 76.633 64,4
Servidores Estatutários Não Efetivos 10.828 2.765 13.593 11,4
Outros 2.511 1.737 4.248 3,6

 Total

88.951

30.085

119.036

-

Fonte: RAIS/MTE, 2000.


         Não dispomos de dados seriados acerca da evolução do contingente de trabalhadores do serviço público em saúde a não ser para o caso do Ministério da Saúde. O número de servidores ativos passou de 123 mil para 78 mil em cinco anos (ou em índice, de 100 para 62,3). Esta redução deve-se basicamente ao não ingresso de novos contingentes, de um lado, e à aposentadoria dos servidores ativos.


Quadro IV

BRASIL, 1997-2002: Evolução do Número de Servidores Ativos do Ministério da Saúde (administração direta e indireta)

Ano

Número de Servidores

Índice

1997

123.159

100,0

1998

116.862

94,9

1999

110.804

90,0

2000

102.480

83,2

2001

78.388

63,6

2002

76.751

62,3

Fonte: Bol. Estat. de Pessoal - MP, maio, 2002.



         A maioria dos servidores ativos do Ministério da Saúde está cedida ao SUS: em 1999 eles somavam mais de 45 mil trabalhadores, com a distribuição por Unidade Federada mostrada na tabela seguinte. Esse contingente vem diminuindo ano a ano devido à aposentadoria e vem constituindo um dos pontos mais polêmicos na política de recursos humanos para o SUS: saber de que modo, dentro do pacto de descentralização do SUS, pode ser estabelecido um consenso entre os gestores para compensar essas perdas de força de trabalho ativa. A esse respeito consulte-se o trabalho de Roberto Passos Nogueira no site do IPEA.


Quadro V

BRASIL, 1999: Servidores Federais Ativos Cedidos
ao SUS por Unidade da Federação

 UF

Número

 Acre

6

 Alagoas

565

 Amapá

9

 Amazonas

521

 Bahia

2.524

 Ceará

1.978

 Espírito Santo

666

 Goiás

1.170

 Maranhão

1.829

 Mato Grosso

274

 Mato Grosso do Sul

142

 Minas Gerais

3.201

 Pará

1.002

 Paraíba

1.485

 Paraná

914

 Pernambuco

2.727

 Piauí

515

 Rio de Janeiro

12.793

 Rio Grande do Norte

474

 Rio Grande do Sul

2.564

 Rondônia

39

 Roraima

2

 Santa Catarina

1.275

 São Paulo

7.064

 Sergipe

432

 Tocantins

32

 Distrito Federal

1.320

 Total

45.523

Fonte: SEAPE/MP e MS.